Desabotoei as calças e disse, prepare-se, você verá algo que nunca viu antes.
Ela, que tinha uma equação tatuada na perna esquerda, não conseguiu disfarçar o choque.
Nossa. Posso passar a mão?, ela perguntou.
Claro.
Deitei-me de lado e a penetrei, tendo antes tomado a providência para evitar machucá-la.
Que números são esses tatuados na sua coxa?, perguntei, acendendo um cigarro.
É uma equação.
Equação.
Equação econométrica, modelo autorregressivo integrado de média móvel.
Uau.
Eu sou formada em matemática.
Sério?
Sério.
Quer dizer então que você é uma mulher calculista?
?
Ué, quem lida com veículos movidos a motor é motorista, quem lida com cálculos é calculista.
O.k., eu sou calculista, ela respondeu, rindo. E você, o que é?
Adivinha.
Não faço a mais remota ideia.
Eu escrevo versos.
Mesmo?
Mesmo.
E você banca esse apartamento assim?
Assim escrevendo, você quer dizer?
É.
Banco.
Que bacana. Declame um verso seu, então.
Hum, deixa eu ver... O saci-pererê, não faz xixi de pé, já que lhe falta um, se senta e se sacia, como se fosse uma, sacia-pererê.
Olha só.
Gostou?
Gostei. É autobiográfico?
Claro. Todo escritor, por mais que negue, é sempre autobiográfico.
Interessante. Quer dizer então que você não faz xixi de pé?
Eu? Eu faço xixi de pé, sim. Sempre.
Penetrei-a mais uma vez e ejaculei sobre sua coxa, esperma, teta, sigma, números.
Senhorita econometria, vou te fazer uma pergunta: quanto você acha que eu valho?
?
É. Você não consegue calcular isso? Eu não pareço ser um homem, pelo menos em parte, mensurável?
Hum, deixa eu ver... eu diria que você... hum... eu diria que você vale quinze, vinte mil reais.
Errou. Sabe quanto eu valho?
Não. Me diga, quanto você vale?
Eu valho, quer dizer, minha parte mensurável, com essa alta do dólar, vale trinta mil reais.
Uau. Que partidão você é, hem? Estou até cogitando largar tudo e fugir com você.
Comigo ou com minha parte mensurável?
Com você, seu bobinho.
Adormeci com Monique acariciando meu pênis após a terceira ejaculação (dessa vez, em seu rosto), pensando na frase Ronald Sukenick é um pornógrafo muito inteligente. Acordei de um sono vergado de sonhos dos quais não consegui imediatamente me lembrar, chamei Monique, chamei-a quatro vezes, notei então que ela havia fugido com minha perna, uma prótese de titânio de dez mil dólares, saci saciado, nossa!, posso passar a mão?, permaneci na cama, pensando em como iria me levantar, em como iria me locomover até a porta e depois até o corredor e depois até a sala.
.